quarta-feira, 23 de março de 2016

Sobre o dia do pai


Não fiz nenhum texto lamechas nem tirei a foto para o instagram a dizer "o melhor pai do mundo".
Nunca fui habituada a fazê-lo mas também não teria o à-vontade para o fazer.

O meu pai não é um mau pai. Pelo menos não posso dizer que seja e tenha sido sempre mau pai.
Lembro-me das brincadeiras quando era pequena, dos mimos, dos nossos bons momentos. Sim, eu era a menina do papá. Mas a menina cresceu e o pai parece que ganhou medo. Medo de me dizer na cara o que não achava bem e que pedia à minha mãe que mo dissesse. Medo de entrar no meu quarto mesmo quando quase dou um berro para a freguesia inteira ouvir a dizer "entra". Medo de falar comigo sem ser o típico "bom dia" "boa tarde" ou "boa noite". 

A menina do papá cresceu e afastou-se, viu o seu herói a cometer erros. Erros de todos os tipos e eu sei que a minha mãe sofre por nada ter feito em relação a isso. Mas também não o conseguiria parar.
Cometeu tantos erros na relação com o meu irmão que apenas o sangue e o "é pai, perdoa-se" os une. Mas no fundo, eu sei que ele tentou ser o melhor pai possível. No fundo ainda é o pai que queríamos, ainda se preocupa, ainda pergunta. Guarda para ele mas sabemos que em frente à minha mãe mostra orgulho e felicidade por cada meta que os filhos alcançam.
Vou garantir que o pai dos meus (futuros) filhos não vai cometer os mesmos erros que o meu. E relativamente ao meu pai só posso dizer uma coisa, é sangue do mesmo sangue. A cabeça perdoa aqueles que o sangue escolheu, é a ligação inquebrável. E sempre o será...

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