quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Apagar no coração?

Apagar no coração é impossível. Teríamos de apagar historia, apagar momentos da nossa vida, apagar tudo o que nos relembrasse essa pessoa, mas teríamos também de eliminar qualquer vestígio da passagem dessa pessoa na nossa vida, eliminar pessoas que conhecemos juntos, eliminar objectos e prendas que nos recordem dessa pessoa. Teria de ser tudo para o lixo, tudo esquecido de vez...
Vejam o filme "O Despertar da Mente" (Eternal Sunshine of the Spotless Mind) 
e perceberão o que quero dizer.
Decidi então eliminar o possível para ajudar, não a eliminar-te a ti, mas a eliminar o que sinto. Eliminei fotos e também aqueles textos carinhosos que transbordavam felicidade e amor por ter o teu coração comigo e saber que o meu estava em segurança. Deitei fora os presentes oferecidos por ti, apesar de serem exactamente aquilo que queria, porque conhecias-me bem e sabias os meus gostos. Imaginem bem, eu que dizia sempre que apagar mensagens era como apagar parte da minha historia, da minha vida, imaginem que até isso eu fiz. Apaguei todas as mensagens tuas e as que me falavam de ti. Lembrei-me então que tinha de apagar coisas que me lembrassem de ti e fiz uma lista: 
- rosas (para o nosso primeiro beijo)
- aquela rua (onde ele aconteceu) 
- cinema (a nossa primeira saída)
- filmes (porque adorávamos discutir qual o melhor que iríamos ver a seguir) 
- o telemóvel (que nos mantinha unidos enquanto estávamos separados)
- Cartas (para os nossos jogos) 
- amigos (porque fizemos muitos em conjunto). 
- Os fones (porque ambos os adorávamos), computador (porque éramos viciados). E a lista continuava, imensa e infinita. 
Cheguei a conclusão de que não poderia eliminar tudo o que me lembrasse de ti ou ficaria sozinha no mundo, sem nada nem ninguém, porque existe sempre algo que me leva a ti e aos nossos momentos...
Mas mesmo assim, no meio de tanta coisa impossível de apagar, e mesmo sabendo que iria haver sempre algo que me lembrasse de ti, dei o passo mais importante de todos: exclui-te da minha vida, não dos meus contactos, porque o sabia de cor, mas deixei de responder, deixei de te procurar, deixei que ficasses de lado, mesmo sabendo que irias sofrer...
Mas eu própria também sofri! Tive de ser forte para resistir à tentação de te falar, de ir ter contigo, de inventar desculpas para te ver, sentir o teu cheiro e o teu toque. As minhas orações passaram a ser "não te quero, não te amo, já te esqueci!" porque sempre me disseram que as palavras eram mais fortes que os actos e a cabeça estava convencida dessas ideias, só faltava o coração... E assim foi passando o tempo...
Provavelmente ouviste muitos "esquece-a, se ela não te quer, se não te liga e não te procura, tens de seguir em frente! É como o ditado, quem quer, corre atrás". Mas eu não vou correr e tu vais acabar por desistir de nós, vais ter amor-próprio e quando esse dia chegar, eu ficarei muito feliz. Tinha medo que ficasses agarrado a algo que fazia parte do passado, e nesse dia saberei que te libertaste e ficarei feliz por ti.
Agora, sem o teu abraço protector, sem o teu cheiro na minha roupa, sem as nossas brincadeiras e as conversas parvas, agora sem ti, sinto saudade. Mas todos os dias continuo com as minhas preces "não te quero, não te amo, já te esqueci!" e para fugir da saudade vou dormir. Mas a vida é sempre muito irónica e, como tal, faz com que durma a sonhar contigo...

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